domingo, 21 de outubro de 2018

Personalidade


Passo a minha vida pensando... no que fazer, no que fiz, no que estou fazendo. A vida inteira analisando, atendo, antenado, querendo saber, entender, ligando atos a consequências e consequências a atos. Claro que isso ultrapassa meu umbigo; vou além. Analiso meus amigos, familiares e as pessoas que estão a minha volta e tenho que confessar que uma das coisas mais decepcionantes pra mim é falta de personalidade. Porque pensando bem, quem não tem personalidade pode não ter muita coisa: opinião, caráter, atitude, respeito e por aí vai. Pensa só, existem pessoas que num momento são de um jeito, no outro de outro. Para alguns isso é normal, é dizer que as pessoas têm o direito de mudar e eu não tiro a razão de quem pensa assim e acredito veementemente que as pessoas possam (e devam) mudar.

Uma das coisas que mais admiro nas pessoas é a possibilidade e a disponibilidade de mudar pensamentos, opiniões e atitudes. Mas aí, será que estou sendo contraditório entre o que admiro e me decepciono? Não. Não há divergência e pelo simples fato do que vem por trás das mudanças, o que me leva ao que me decepciona, que é a falta de personalidade. Eu sou do tipo de pessoa que mudo constantemente; eu penso, penso, penso e aquilo que eu imaginava ser um quadrado com o tempo vai se transformando em um círculo, mas isso porque EU vou, com minhas experiências e desejos mudando essa forma, acreditando que a melhor definição agora é círculo e não quadrado, porém, como já citei antes, eu analiso as pessoas e vejo muita gente que muda de acordo com as outras pessoas; é um namorado, amigo, familiar (..) que influencia diretamente nessa mudança; e não porque convença a pessoa a pensar de forma diferente e sim pelo simples fato que a pessoa não pensa por si só, é como se a própria vida fosse dependente de outra pra ter sentido; é uma forma parasitária de existir e/ou coexistir. Há muitos sinais que ajudam a identificar quem é não tem personalidade própria; a pessoa muda quando começa a namorar, quando arruma novos amigos e por aí vai, é meio que uma forma de mesclar o vazio que existe em sua personalidade com a outra pessoa com quem está se relacionando. Essas pessoas costumam ser infelizes sozinhas, não se contentam em curtirem sua solidão porque é neste momento, em que dependem de ficar sozinhas consigo mesmas, que notam que não existe nada ali que possa suprir a necessidade de viver. No final, dizem por aí que nascemos sozinhos e assim morreremos. Claro que isso não signifique que tenhamos que passar a vida sozinhos porque assim viemos e assim vamos, isso significa que não precisamos de nada além de nós mesmos para sermos felizes e que as pessoas chegam em nossas vidas para somar algo ao que já temos, nos fazendo sempre mais. O que não podemos é sempre procurar alguém pra suprir a falta de vida que temos em nós. No final, dependendo do hospedeiro, a tendência é sempre que sejamos expulsos por estarmos sugando algo que não nos pertence. Para compartilhar uma vida com alguém, seja namoro, amizade e até mesmo família, temos que ter uma vida para compartilhar, pois quem entra num relacionamento sem nada a oferecer, com certeza não tem muito pra manter uma relação por muito tempo. No final o que resta no livro da vida são apenas algumas histórias variadas, onde não rola nada além de participações. Temos que escrever e sermos protagonistas de nossas vidas. Claro que em certos momentos deixamos a cena, mas pra trocar de história, pois do mesmo jeito que temos a possibilidade de sermos parasitas, estamos expostos a sermos hospedeiros de gente assim. PENSE, ANALISE, essa é a chave pra se manter livre e com conteúdo próprio.


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