sexta-feira, 18 de março de 2011

Quanto vale?

Quem nunca se imaginou seguindo uma carreira profissional magnífica, sendo chefe, mandando, tendo resposabilidades e ganhando muito dinheiro? Ter carro, apartamento, casa na praia, roupas de grife e por aí vai. Mas qual o preço de tudo isso?

Vamos pensar lá no interior, na vida da maioria das pessoas que vivem nas cidadezinhas longes de grandes metrópoles. Vidas simples, cidades pequenas, comércio com hora pra abrir e fechar. Cidades essas que são movimentadas simplesmente pela sua humilde população, que quase não tem carro, alguns andam a pé, outros em carroças, bicicletas e cavalos. Alguns carros são vistos, como chevetes, brasília e aquela imensidão de fuscas. Alguns mais novos também, como gol, pálio e os grandes ricos da cidade que passeiam com seus vectras e civics. Essas cidades são pacatas, não tem balada, em sua maioria mal tem asfalto. A maioria da população se conhece. São as famosas cidades que tem duas ruas: uma que sobe e outra que desce. Enfim, acho que já dá pra imaginar o que quero estampar com essa descrição.

Qual o futuro de uma criança que nasce num lugar desses? Nascer, crescer e morrer na monotonia, sem grandes emoções e sem prospecção nenhuma de futuro? Viver na rua brincando e viver cheio de barro nos pés? Crescer e trabalhar em algum comércio local e passar a vida se contentando com pouco, com o suficiente pra sua sobrevivência?
Correto? Não, eu não penso mais assim. Essas pessoas tem uma vida que se não fosse por conta do dinheiro e da ambição de muitos, do que a sociedade impõe para que tenhamos, nós invejaríamos.

Pense no profissional de uma grande metrópole, como São Paulo. Acordamos cedo, vivemos correndo, pegamos trânsito pra ir até o mercado comprar leite, enfrentamos filas na padaria pra comprar pão, ficamos horas parados em congestionamentos recordes pra chegar próximo ao mar em feriados. Enfrentamos ônibus e metrôs com pessoas que nunca vimos na vida, mas que temos certeza que não tem educação nenhuma (elas pensam isso de nós também). Na rua, como pedestres, quase somos atropelados por carros que parecem ter sede de chegar ao seu destino o quanto antes. Loucura atrás de loucura. Enfrentamos nossos chefes, metas cada vez mais absurdas, estudamos, ralamos, mal dormimos, não temos tempo nem de respirar e pra que? Pra sermos bem-sucedidos? O que é ser bem-sucedido? Ter uma Hilux, ser empresário ou diretor de uma grande empresa? Ter carros, casas e ser rodeado de pessoas (interesseiras)? Esse é o sucesso que queremos? Dia após dia vivendo cada vez mais solitário, pois esta é a tendência: sermos cada vez mais autossuficientes e solitários.

Enfim, quem é mais feliz? O "caipira" que acorda cedo, passa o dia na roça ou num comércio pouco movimentado e antes do sol se por já está pronto pra ir pra casa curtir a família, que, mesmo a pé, chega muito rápido em casa, isso quando não passa num boteco pra beber com os amigos e jogar papo fora, e mais tarde deitar sua cabeça no travesseiro pronto pra uma boa noite de sono, sem preocupações e sem assuntos não resolvidos, a não ser o problema de acordar cedo no dia seguinte, o que pra eles não é difícil, sequer precisam de despertador. Ou o mais feliz é aquele diretor de uma grande empresa que tem que acordar cedo, já preocupado com o que tem pra fazer na empresa; aquele que anda num carrão pelas ruas paradas da cidade e leva mais de uma hora pra chegar já estressado na empresa; aquele que tem diversos bajuladores à sua volta, pessoas que não gostam dele, só o suportam; aquele que chega tarde da noite em casa, mal vê a família, quando a tem, toma um banho pra ter a falsa sensação de libertação do estresse e deita já pensando nessa "leve" rotina do dia seguinte?

Na vida, nascemos sem nada, mas é o suficiente para sermos felizes. O que conquistamos só faz debitar do nível de felicidade ao qual temos direito. Ou seja, a moeda para comprar o sucesso é a própria felicidade.


Vale a pena?


Quando eu saí de casa minha mãe me disse:
Baby, você vai se arrepender. Pois o mundo lá fora num segundo te devora
Dito e feito, mas eu não dei o braço a torcer
Hoje eu vendo sonhos, ilusões de romance
Te toco minha vida por um troco qualquer
É o que chamam de destino, e eu não vou lutar por isso

Um comentário:

Unknown disse...

...é um texto pra se pensar...

Confesso que as vezes gosto da minha vida simples!
Por outro lado, minha ambição por querer/ depender do capitalismo me joga entre corteis... prefiro serguir em frente vivendo um dia após o outro, pra ver se escrevo uma nova página...

Belo poste!!!
me fez refletir!

abrç do Rafah!